quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Fábula do Pirilampo e da cobra...

Era uma vez uma cobra q começou a perseguir um pirilampo que só vivia para brilhar!

Ele fugia rápido, com medo da feroz predadora, e a cobra nem pensava em desistir.

Fugiu um dia e nada; ela não desistia. Dois dias...

No terceiro dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:

- Posso fazer-te três perguntas?
- Podes. Não costumo abrir este precedente para ninguém, mas já que te vou comer podes perguntar.

- 1º Pertenço à tua cadeia alimentar?
- Não.

- 2º Fiz-te alguma coisa?
- Não.

- 3º Então porque é que me queres comer?
- PORQUE NÃO SUPORTO VER-TE BRILHAR!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Amor é dado de graça

"Eu te amor porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amor porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais de mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e damorte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 12 de setembro de 2010

Fecha o livro, apaga a luz.

Apagam-se as luzes, e acendem-se as memórias.

E por mais esforço que se faça, por vezes até o nosso subconsciente nos trai, trazendo-nos sonhos que não passam disso mesmo. Há muito que isso não lhe acontecia. Voltou. Mais vivo que nunca.

E com eles regressam todos as lágrimas escondidas, os desejos reprimidos, as vontades caladas.

Revisita cartas, mensagens, textos, imagens, símbolos, como se de algum modo com isso a distância diminuisse.

Um turbilhão de imagens atravessa-lhe o cérebro, como um fast-forward descontrolado, memórias a sonhos misturados, o ar parece escapar-lhe, uma agonia toma conta de si...

Fecha os olhos e vê o seu corpo, quase que o consegue tocar com a ponta dos dedos, sabe-o de cor, ainda... Demora-se aqui e ali, ouvindo a sua respiração, cadenciada, profunda, quente, quase que a consegue sentir, percorre-lhe um arrepio... Respira-a, como se de oxigénio se trata-se, como se isso lhe restaurasse a respiração que há pouco perdera...

Fuma um cigarro. Apaga a luz.

Do verbo ver

A expressão "olá, tudo bem?" ou qualquer outra equivalente tornou-se tão banal quanto desprovida de sentido. Diariamente, as regras da boa educação dizem-nos que devemos sempre cumprimentar por quem passamos ou falamos.

Mas quantos de nós esperamos pela resposta? E, quando o fazemos, quantos de nós efectivamente a ouvimos?

Porque é tão fácil olhar para alguém e presumir se está bem ou mal, cheios da nossa arrogância ou meramente indiferença. E essas assumpções que fazemos estão tão influenciadas pelos nossos próprios preconceitos, vontades e inseguranças.

É tão mais fácil assumir que aquele sorriso é, efectivamente, uma manifestação de felicidade, e seguir com a nossa vida. Mais fácil do que tentar perceber, ou ver, sequer, o que esconde aquele sorriso, do que desvia as atenções aquela echarpe cintilante, os brincos espampanantes ou um vestido vermelho.

Um destes dias, uma amiga que viu o meu olhar que desmentia o meu sorriso perguntou-me: que ganhaste?

(...)

Ensinou-me a ver as pessoas, a decifrar as suas máscaras, a compreender os seus gestos, a estar atenta aqueles que me rodeiam - a esperar pela resposta e ouvi-la.

E tu? Consegues ver?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Do verbo ouvir

- Então, o que é queres?

- Peixe!

- Peixe????!!!!

- Sim, peixe!

- Queres lá peixe.. pfff...

- Sim, peixe, porquê?

- Porquê digo eu!

- Bem, é mais saudável, e decidi que quero fazer uma dieta. Além disso é almoço e sei que carne não me vai cair bem. O peixe deixa-me... mais leve!

- É, não?

- É!

- Portanto, vais pedir vinho branco, certo?

- Não. Porquê??

- Que disparate! Não vais beber vinho tinto com peixe pois não?

- Se quiser, vou.

- Não deves.

- Mas posso.

- Podes. Mas não vais.

- Vou pois. Eu faço as minhas próprias regras! Vamos pedir?

- Deixa, perdi a fome.

- Estás sequer a ouvir-te?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Pergunta do dia II

Quando se diz que alguém é "muito à frente" (expressão hoje comummente utilizada) significa que:

A) Ela vê/percebe/imagina coisas que mais ninguém ainda vê/percebe/imagina estando, portanto [um passo] à frente; ou

B) Ela vê/percebe/imagina coisas que naquele momento e contexto não se adequam, mas apenas no futuro e, lá está mais à frente?

PS: em tempos já escrevi um post sobre este tema, ainda que sob outro discurso. hoje o tema volta. uhm...

Stand by

E de pois de um período de ausência, volto.

Volto e tudo volta. Quando vamos de férias a nossa vida como que em stand by. Parece mesmo que tudo pára porque nada se decide e nada se resolve, nada se passa. Além disso, estamos longe da nossa vida, que ficou uns km's para trás.

Com tudo de bom e de mau que isso tem, poderia até tornar-se a época ideal para a meditação e a procura de respostas, e até o pode ser.

Mas serão essas respostas válidas e reais. Sim, porque estamos fora da nossa vida e, lá está com todos os contornos e realidades que a fazem, todos os dias. E as nossas verdades, por mais válidas que o sejam, não podem deixar de estar condicionadas aquilo que nos rodeia diariamente.

E assim, depois de umas merecidas férias, do necessário e obrigatório de meditação, mas que não passou de um stand by, regresso à minha vida, e a tudo o que ela me tem dado e a tudo aquilo de que sinto falta, a tudo o que ganhei e a tudo o que perdi.

A luz vermelha apagou-se.