domingo, 12 de setembro de 2010

Do verbo ver

A expressão "olá, tudo bem?" ou qualquer outra equivalente tornou-se tão banal quanto desprovida de sentido. Diariamente, as regras da boa educação dizem-nos que devemos sempre cumprimentar por quem passamos ou falamos.

Mas quantos de nós esperamos pela resposta? E, quando o fazemos, quantos de nós efectivamente a ouvimos?

Porque é tão fácil olhar para alguém e presumir se está bem ou mal, cheios da nossa arrogância ou meramente indiferença. E essas assumpções que fazemos estão tão influenciadas pelos nossos próprios preconceitos, vontades e inseguranças.

É tão mais fácil assumir que aquele sorriso é, efectivamente, uma manifestação de felicidade, e seguir com a nossa vida. Mais fácil do que tentar perceber, ou ver, sequer, o que esconde aquele sorriso, do que desvia as atenções aquela echarpe cintilante, os brincos espampanantes ou um vestido vermelho.

Um destes dias, uma amiga que viu o meu olhar que desmentia o meu sorriso perguntou-me: que ganhaste?

(...)

Ensinou-me a ver as pessoas, a decifrar as suas máscaras, a compreender os seus gestos, a estar atenta aqueles que me rodeiam - a esperar pela resposta e ouvi-la.

E tu? Consegues ver?

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