"Eu te amor porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amor porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais de mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e damorte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
(Carlos Drummond de Andrade)
Onde me sento e me espelho. Onde encontro as bujigangas e os adereços que enfeitam os meus dias. Onde guardo as jóias da minha vida.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
Fecha o livro, apaga a luz.
Apagam-se as luzes, e acendem-se as memórias.
E por mais esforço que se faça, por vezes até o nosso subconsciente nos trai, trazendo-nos sonhos que não passam disso mesmo. Há muito que isso não lhe acontecia. Voltou. Mais vivo que nunca.
E com eles regressam todos as lágrimas escondidas, os desejos reprimidos, as vontades caladas.
Revisita cartas, mensagens, textos, imagens, símbolos, como se de algum modo com isso a distância diminuisse.
Um turbilhão de imagens atravessa-lhe o cérebro, como um fast-forward descontrolado, memórias a sonhos misturados, o ar parece escapar-lhe, uma agonia toma conta de si...
Fecha os olhos e vê o seu corpo, quase que o consegue tocar com a ponta dos dedos, sabe-o de cor, ainda... Demora-se aqui e ali, ouvindo a sua respiração, cadenciada, profunda, quente, quase que a consegue sentir, percorre-lhe um arrepio... Respira-a, como se de oxigénio se trata-se, como se isso lhe restaurasse a respiração que há pouco perdera...
Fuma um cigarro. Apaga a luz.
Apagam-se as luzes, e acendem-se as memórias.
E por mais esforço que se faça, por vezes até o nosso subconsciente nos trai, trazendo-nos sonhos que não passam disso mesmo. Há muito que isso não lhe acontecia. Voltou. Mais vivo que nunca.
E com eles regressam todos as lágrimas escondidas, os desejos reprimidos, as vontades caladas.
Revisita cartas, mensagens, textos, imagens, símbolos, como se de algum modo com isso a distância diminuisse.
Um turbilhão de imagens atravessa-lhe o cérebro, como um fast-forward descontrolado, memórias a sonhos misturados, o ar parece escapar-lhe, uma agonia toma conta de si...
Fecha os olhos e vê o seu corpo, quase que o consegue tocar com a ponta dos dedos, sabe-o de cor, ainda... Demora-se aqui e ali, ouvindo a sua respiração, cadenciada, profunda, quente, quase que a consegue sentir, percorre-lhe um arrepio... Respira-a, como se de oxigénio se trata-se, como se isso lhe restaurasse a respiração que há pouco perdera...
Fuma um cigarro. Apaga a luz.
Do verbo ver
A expressão "olá, tudo bem?" ou qualquer outra equivalente tornou-se tão banal quanto desprovida de sentido. Diariamente, as regras da boa educação dizem-nos que devemos sempre cumprimentar por quem passamos ou falamos.
Mas quantos de nós esperamos pela resposta? E, quando o fazemos, quantos de nós efectivamente a ouvimos?
Porque é tão fácil olhar para alguém e presumir se está bem ou mal, cheios da nossa arrogância ou meramente indiferença. E essas assumpções que fazemos estão tão influenciadas pelos nossos próprios preconceitos, vontades e inseguranças.
É tão mais fácil assumir que aquele sorriso é, efectivamente, uma manifestação de felicidade, e seguir com a nossa vida. Mais fácil do que tentar perceber, ou ver, sequer, o que esconde aquele sorriso, do que desvia as atenções aquela echarpe cintilante, os brincos espampanantes ou um vestido vermelho.
Um destes dias, uma amiga que viu o meu olhar que desmentia o meu sorriso perguntou-me: que ganhaste?
(...)
Ensinou-me a ver as pessoas, a decifrar as suas máscaras, a compreender os seus gestos, a estar atenta aqueles que me rodeiam - a esperar pela resposta e ouvi-la.
E tu? Consegues ver?
Mas quantos de nós esperamos pela resposta? E, quando o fazemos, quantos de nós efectivamente a ouvimos?
Porque é tão fácil olhar para alguém e presumir se está bem ou mal, cheios da nossa arrogância ou meramente indiferença. E essas assumpções que fazemos estão tão influenciadas pelos nossos próprios preconceitos, vontades e inseguranças.
É tão mais fácil assumir que aquele sorriso é, efectivamente, uma manifestação de felicidade, e seguir com a nossa vida. Mais fácil do que tentar perceber, ou ver, sequer, o que esconde aquele sorriso, do que desvia as atenções aquela echarpe cintilante, os brincos espampanantes ou um vestido vermelho.
Um destes dias, uma amiga que viu o meu olhar que desmentia o meu sorriso perguntou-me: que ganhaste?
(...)
Ensinou-me a ver as pessoas, a decifrar as suas máscaras, a compreender os seus gestos, a estar atenta aqueles que me rodeiam - a esperar pela resposta e ouvi-la.
E tu? Consegues ver?
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Do verbo ouvir
- Então, o que é queres?
- Peixe!
- Peixe????!!!!
- Sim, peixe!
- Queres lá peixe.. pfff...
- Sim, peixe, porquê?
- Porquê digo eu!
- Bem, é mais saudável, e decidi que quero fazer uma dieta. Além disso é almoço e sei que carne não me vai cair bem. O peixe deixa-me... mais leve!
- É, não?
- É!
- Portanto, vais pedir vinho branco, certo?
- Não. Porquê??
- Que disparate! Não vais beber vinho tinto com peixe pois não?
- Se quiser, vou.
- Não deves.
- Mas posso.
- Podes. Mas não vais.
- Vou pois. Eu faço as minhas próprias regras! Vamos pedir?
- Deixa, perdi a fome.
- Estás sequer a ouvir-te?
- Peixe!
- Peixe????!!!!
- Sim, peixe!
- Queres lá peixe.. pfff...
- Sim, peixe, porquê?
- Porquê digo eu!
- Bem, é mais saudável, e decidi que quero fazer uma dieta. Além disso é almoço e sei que carne não me vai cair bem. O peixe deixa-me... mais leve!
- É, não?
- É!
- Portanto, vais pedir vinho branco, certo?
- Não. Porquê??
- Que disparate! Não vais beber vinho tinto com peixe pois não?
- Se quiser, vou.
- Não deves.
- Mas posso.
- Podes. Mas não vais.
- Vou pois. Eu faço as minhas próprias regras! Vamos pedir?
- Deixa, perdi a fome.
- Estás sequer a ouvir-te?
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