Este inferno de amar – como eu amo! -
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é vida – e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando, ai, quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… – foi um sonho -
Em paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim, despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? – Não o sei;
Mas nessa hora a viver comecei…
(Almeida Garret)
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